segunda-feira, 18 de novembro de 2013

É difícil falar que o animal print, as estampas de animais, estão na moda, quando na verdade ele nunca saiu dela. Basta dar uma olhada rápida nas semanas de moda ou nos sites de tendências para confirmar o que todo mundo sabe, o que todo mundo vê: as estampas de animais, de oncinha a zebra, são onipresentes, de inverno a verão, das ruas às passarelas de prêt-à-porter. E como surgiu a relação de amor entre a moda e o animal print? Nos anos noventa, ele era associado a roupas vulgares e de baixa qualidade. Porém, de lá pra cá muita coisa mudou e as estampas de onça, de zebra, de cobra e tudo mais que remeta ao exótico selvagem foram democratizadas e estão em toda parte, seja na lojinha da esquina, seja no desfile do estilista italiano Roberto Cavalli. Aliás, democratização é o termo certo ao abordar o tema na história da moda. Embora sem comprovação científica, alguns psicólogos defendem ainda a ideia de que a fascinação pelas imagens de animais está em nosso dna, pois nossos ancestrais dos tempos das cavernas usavam as peles dos animais caçados para se aquecer e se cobrir. Estampas de animais, assim como suas peles, são populares desde o século 18, por remeterem ao universo exótico da África e seus animais selvagens. Antes disso, a pele de animal era usada por reis e nobres como símbolo de status e de poder. Ainda dentro dessa esfera, o exótico africano representa características como fuga (da realidade), viagens, aventura, ousadia, luxo e diversidade. Se, num primeiro momento, as estampas de animais estavam presentes no vestuário através do uso de peles, aos poucos desenho e pele foram se distanciando, sobretudo pela militância de grupos defensores dos animais, como a PETA, e pelo fato de a pele ser um material mais raro e, consequentemente, mais caro. Historicamente, pode-se dizer que o filme Tarzan, nos anos de 1930, foi um marco inicial e ajudou a promover no mundo da moda as estampas de inspiração africana. Um dos exemplos disso é o vestido assimétrico, criado em 1936 pela famosa casa francesa Busvine, feito com estampa de leopardo. Na mesma época, a estilista francesa Jeanne Paquin criou alvoroço ao introduzir o uso de peles de leopardo em suas coleções. Em 1947, Christian Dior foi o primeiro a usar a estampa de onça, e não a pele, em um vestido apropriadamente chamado África, para sua coleção primavera-verão. Nos anos 50, Roger Vivier, conhecido por ter criado os saltos stilleto, pôs o animal print em acessórios como bolsas e sapatos, antecipando o que é comum nos dias de hoje. Já na década de 1960, Jackie Kennedy surgiu vestindo um casaco de pele de leopardo, criado por seu estilista Oleg Cassini, e rapidamente fez a peça se tornar ícone de estilo e de luxo. Através do figurino de grandes divas como Marilyn Monroe, Catherine Deneuve e Ursula Andress, o cinema dos anos 50 e 60 ajudaram a difundir na época a moda das estampas de animais como símbolos de elegância e sofisticação. Quem não se lembra também de Yves Saint Laurent e seu fascínio por viagens, safáris, roupas e estampas de animais? animal-print2Modelo criado por Jeanne Paquin e Jackie Kennedy usando casaco criado por Oleg Cassini Entre altos e baixos, as estampas de animais seguiram firmes seu curso até o século 21. Cada vez mais diversificadas em seus usos, seus significados também se ampliaram, assim como os diversos suportes em que surgem. Se, atualmente, vestir pele autêntica não é mais sinônimo do glamour hollywoodiano dos anos 50, o animal print continua causando impacto nas ruas, nas plateias das semanas de moda e em coleções recentes, como a jaqueta zebrada de John Galliano para o desfile 2009 da Dior e toda a coleção primavera-verão 2012/2013 da maison de luxo Kenzo. Tendência, atemporal, clássico, brega ou chique? Talvez, o segredo do sucesso das estampas de animais é ser tudo isso ao mesmo tempo. Aluna:Thais Brito

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